As pedras durante a jornada e o destino

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O contato com a realidade  traz, muitas vezes, dúvidas em relação aos objetivos que buscamos para nossas vidas. Nem sempre encontramos  os ideais de retidão e justiça, mesmo naqueles que são buscadores sinceros. Aos subirmos a escada, cada um de nós, está em um degrau de consciência, de tal forma, que não há um padrão específico de compreensão e comportamento pelo simples fato de cursar o mesmo caminho.  Para entendermos o objetivo/destino, precisamos compreender primeiro a jornada: o que sentimos, o que vivemos, o que aprendemos, e saber que tudo isso faz parte do objetivo. A vida é um mistério e ganhamos mais tempo vivendo-a, que tentando entendê-la.  Esta é talvez a primeira regra que devemos aprender: o paradoxo com o qual teremos que deparar durante nossa caminhada.

 

Para uma viagem animada, saudável, rica, também é necessário ter uma boa dose de humor, principalmente no que diz respeito a nós mesmos. Encarar as dificuldades com a certeza de que tudo passa, não apenas, é a força que está por trás de toda atitude, mas é também a preparação para o passo seguinte: entender a mudança. Nada permanece o mesmo depois que se compreende que o que traz felicidade é a caminhada, não o destino. Assim, todas as decepções, dúvidas, desânimo fazem parte da história que escrevemos. O principal é manter o foco em nós mesmos e não nos perdermos olhando para o lado; não perder de vista nossa contribuição neste universo, procurando aplicar o mais próximo possível o senso de justiça – embora a convivência possa ser insuportável com pessoas que atropelam os princípios como se fosse algo natural. Olhar para os lados só acrescenta alguma coisa quando focamos nos talentos das pessoas que nos cercam. Quando aprendemos a olhar por ângulos virtuosos temos a humildade necessária para aprender com os outros.

 

Claro que quando colocamos no papel e estabelecemos as regras, a sequência de passos, as etapas, tudo parece muito fácil. Imaginemos a aventura de escalar uma montanha. O prazer não está apenas em colocar uma bandeirinha no local. Se assim fosse, poderíamos pegar um helicóptero, descer no local e plantar a bandeira. O que dá sentido é a escalada, que por si se completa na sensação de vitória e felicidade. Entenda aqui que a felicidade não é apenas alegria, mas o senso de humor que permeia nossas atitudes, mesmo em momentos de dificuldades. Durante a escalada sente-se dores, medos, perigos, mas oculto na ação está a energia que anima, que dá coragem, que impulsiona para chegar ao destino. E tudo isso exige do alpinista preparo em todos os sentidos, emocionais, espirituais e físicos. Quando se lança á aventura, ainda tem muito que aprender, só que isso ele só pode intuir. Vai aprender quando a situação se instalar e então poderá testar suas convicções. Não é fácil, mas não é impossível. O tempo todo vivemos contextos semelhantes. Passamos por algumas dificuldades sem perceber e, sucumbimos em outras que nos pareciam fáceis.

 

Essa é a jornada da vida e do espírito. Passamos a vida com medo de enfrentar o desconhecido e evitamos olhar para frente com medo de perder o que já conquistamos, com medo de arriscar, de tentar alguma coisa nova, de recomeçar. Alguns ainda chamam esse medo de prudência. O mundo gira e,  inexoravelmente,  lidamos constantemente  com mudanças de todo tipo, desde aquelas que parecem simples, orgânicas mesmo, como crescer, tornar-se adolescente, amadurecer e envelhecer, como aquelas que envolvem profissão, qualidade de vida, adaptação ao ambiente de trabalho,  realização pessoal. Completamente alheios ao nosso desejo, somos submetidos às outras mudanças que envolvem a alternância de dias e noites, as estações, bem como os ciclos que determinam as crises econômicas. Todos nós desejaríamos o poder de desvendar o futuro, mas vivemos sem qualquer garantia do que poderá nos acontecer amanhã. Podemos garantir uma carreira de sucesso estudando muito, mas ainda assim não desaparecerão todos os temores. E quanto mais nos agarramos ao conhecido para torná-los permanentes, mais provocamos em nós sentimentos de ansiedade, medo, radicalismo e, consequentemente de dor e sofrimento. Tudo muda.

 

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