Especialistas afirmam que o corpo fala, isto é, que ele tem uma linguagem própria e expressa os pensamentos, as emoções e as reações instintivas. Certamente eles têm razão. Desde a Antiguidade que se pesquisam e desenvolvem métodos e técnicas com o objetivo de atingir a estrutura de nossa personalidade, e até mesmo mudar os estados emocionais, como o yoga, a dança , o tai chi chuan, o judô, entre muitas outras técnicas de relaxamento e movimento. Durante anos, o corpo é testemunha e parceiro de experiências enriquecedoras, desde o mapeamento das necessidades espirituais, a momentos de dor e de prazer. Participa das lutas diárias, dos conflitos, dos desejos de vitória. Finalmente entendemos que o corpo é uma engrenagem perfeita, que todas as células se comunicam entre si, que não existem órgãos isolados, e que sua linguagem também dá sinais de quando a saúde não vai bem. O corpo está tão ligado a nós, que não percebemos que ele é apenas uma parte do Ser. Portanto, é natural que entendamos que ele – o corpo – não vai nunca envelhecer e, menos ainda, se sentir cansado. Até que um dia ele começa a dar sinais de que pode falhar, como um carro velho.
A natureza é perfeita e nem mesmo o mais inteligente entre os seres humanos é capaz de burlar suas rígidas leis, sem que receba uma resposta contundente. Quando se planta vento, a colheita é sempre uma tempestade. Quando acreditamos que estamos enganando a natureza, ignorando as mensagens enviadas pelo corpo, as consequências são catastróficas. É o corpo que dá a sentença final de que estamos envelhecendo, mas podemos aproveitar esse momento único para refletir e olhar para o futuro. O corpo é o espelho revelador do inconsciente, é a projeção de nossa mente. É isso! O corpo fala e muita vez dá sinais que dizem mais que as palavras, porque mostra o que está latente, expressa ansiedades, desejos, conquistas, grita, agita, ri, chora, sente e se emociona.
Compreender a linguagem do corpo permite agir de forma mais inteligente e melhorar os relacionamentos familiar, social e profissional, desde que saibamos seguir as pistas que revelam, principalmente, quem somos. A linguagem silenciosa do corpo muitas vezes contradiz a mensagem falada, mas o certo é que o corpo não mente, diz a verdade nua e crua, de forma inconsciente, e não temos como controlar ou manipular. Quando não entendemos ou ignoramos as mensagens que o corpo nos envia, a doença é inevitável. Todos nós precisamos de tempo para trabalhar um corpo saudável, oxigenado, energizado. Um tempo para nos afastarmos da correria da vida cotidiana e proporcionar ao corpo a oportunidade de regeneração.
A medicina moderna ainda é dominada pela noção de que a doença é causada por agentes objetivos. Em parte eles estão corretos. Uma doença não pode se instalar sem que exista um hospedeiro para aceita-la, mas é o estado de equilíbrio do indivíduo que determina se ele está doente ou sadio. Esta é uma constatação cruel para as pessoas que recebem diagnóstico de doenças graves. Saber que elas se deixaram dominar, em algum momento, por seus instintos, sentimentos ou pensamentos e, participaram, ainda que inconscientemente, do processo que as levaram à doença. De tudo isso, a parte mais difícil está no processo de mudança. Mudar a si mesmo. As regras atuais apostam nessa triangulação: atividade física, dieta equilibrada e menos estresse.
A chamada vida saudável é hoje fonte de renda. Não faltam profissionais, revistas, programas, academias, ressaltando seus benefícios: mais saúde, maior autoestima, disposição e entusiasmo para viver. Tudo isso tem grande valor quando é resultado de autoconhecimento. Quando se entende que a mudança é necessária para reatar o contato com nossa intimidade e equilíbrio, sem qualquer interferência alheia. Uma decisão madura e individual tende a ser mais durável. Se a liberdade nos é oferecida, temos a possibilidade de escolher e mostramos ser capazes de enfrentar a nós mesmos, aprendemos a dominar nossos instintos, nossas emoções e nossas razões. Encontrar o equilíbrio então significa uma nova experiência com o amor. Na realidade mais profunda, além do tempo e do espaço, talvez sejamos, todos, membros de um só corpo.
