Não sejas maçom
Se teu orgulho for tão forte,
Que te deixes insensível
Àqueles que, porventura,
Por menor sorte que a tua
Se encontram vendados pelos erros,
Enganos e atropelos
Não sejas maçom
Se a vaidade servir-te de norte
Tua caminhada será dura,
Pois às cegas,
Muito menos que a lua
Refletirás luz,
Nem dela te nutrirás.
Pois, o sábio ou o sol,
Tu assim de trevas enfeitado,
Em ti jamais nascerá.
Não sejas maçom
Se a ambição invadir-te o peito
E transformar-te em mera aventura
Vestida de despeito,
Que alimenta a estrutura
Dos que se enchem da ilusão de ser,
De todas, a melhor criatura
Não sejas maçom!
Não se componha de luz!
Sejas intolerante, desobediente,
O poder sobre os outros, aspires!
Não respeites as diferenças.
Cultives o preconceito.
Não sejas maçom!
Imponhas tua verdade.
Sejas fundamentalista.
Não respeites o modo de vida alheio,
Nem sua visão e seu jeito.
Não sejas maçom!
Multipliques as infâmias,
Apedrejes, esculhambes, acuses,
Apontes o dedo.
Afinal, tu não possuis nenhum defeito!
Tua língua não está à míngua
De qualquer tipo de despeito.
Não sejas maçom!
Imponhas tua verdade,
Pois só tu és capaz de discernir.
Só tu és indispensável.
Tu és único!
Deus, o GADU, não soube te reproduzir!
Não sejas maçom
Se o virtuoso e lindo
Não te seduz.
Se não te julgas da vida aprendiz,
Desistas!
Não te tornes maçom,
Pesada será tua cruz.
Se já tiveres iniciado
E tais coisas te forem estranhas,
Arranca rápido teu avental,
Renuncies a esta senda!
Nela não serás feliz.
Permaneces de venda e fora de tom
É outra tua melodia.
Continuas desnorteado,
Diferente é tua via.
És apenas reflexo, não és maçom.