Não há céu sem tempestade

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Quando a vida passa por um turbilhão de acontecimentos  encontramos dificuldade em visualizar a totalidade, o conjunto de situações que se atropelam a nossos sentidos. Momento certo para nos recolher e deixar de interferir naquilo que não está em nosso poder alterar.  Antes, preciso descobrir qual é minha função nessa roda que parece girar cada vez mais rápida, não dando tempo para que as lições sejam assimiladas.  Como estudante, muitas vezes, comprei de forma errônea a ideia de que  somos  os timoneiros de nossas vidas. Somos e não somos. Há coisas que não podemos controlar. O que realmente está em nosso poder é o pensamento e com ele podemos ir longe, mas não tão longe a ponto de prever e controlar o pensamento de outro.  Se o fizer, significa que tenho compreensão suficiente para saber que receberei de volta. E quanto mais consciência tiver, maior será a pancada do retorno.

Não quero dizer com isso que todas as vicissitudes que passamos são respostas de algum mau comportamento.  Para galgarmos um nível acima passamos por provas, afinal, como em todas as escolas, precisamos demonstrar que aprendemos a utilizar todos os mecanismos do grau que estamos, para passar para outro.  Quando a escola é iniciática, as provas não são concretas, mesmo que lancem reflexos na vida objetiva.

Lidar com a dualidade sempre foi grande obstáculo para a evolução humana. Não dá para ser morno, tem que ser quente ou frio. Como andar em cima do muro?  Este é questionamento  comum  que encontramos ao longo de nossa caminhada. Se pensarmos que em cima do muro teremos uma visão dos dois lados, talvez isto aclare o princípio da justiça. Como o fiel da balança,  não podemos ser parciais ou tendenciosos.  Manter o equilíbrio propiciará maior visibilidade à ação, permitirá avaliar os dois lados da questão e partir para a ação justa, coerente, sensata.  Quando nos propomos levar uma vida justa e perfeita  é a linha do equilíbrio que buscamos e para isso precisamos conhecer os dois lados, o da sombra e o da luz. Teremos sempre que entender que a dualidade não se aplica apenas à vida externa. Traçar metas e programar objetivos e ações na vida espiritual e ter, concretamente,  comportamento diferente  daquele que traçamos, sem dúvida alguma vai gerar desequilíbrio e, consequentemente, situações que fogem ao nosso controle. E será maior, quanto mais alta for nossa consciência.

Todos certamente já vimos mães ralharem  com o filho pequeno para impedir que ele tocasse um objeto quente e queimasse a mão.  Mas, algumas vezes, a criança não obedece e experimenta  a sensação de ter os dedinhos queimados. Chora, corre para os braços da mãe, recebe afago , conselhos e espera-se que a partir daí ele não coloque a mão de novo em objetos quentes. Mesmo assim, ele vai se queimar várias vezes durante a vida, mesmo tendo aprendido a lição. Isso é humano. Não é porque queima que o fogo é mau, tudo vai depender do uso que fazemos dele. Erramos, aprendemos, tornamos a errar, aprendemos um pouco mais e assim vamos evoluindo. Temos o privilégio da imperfeição. Só não podemos perder de vista o plano que arquitetamos para nossas vidas.

 

Vivemos, conscientes ou não, de maneira dual, submetidos às leis de atração e repulsão, de ação e reação, de causa e efeito, mas somente agora percebemos que a sabedoria está no centro, no equilíbrio. Pesando causa e efeito pode-se perceber que uma ação desencadeará seus efeitos por ordem natural e qualquer que for a consequência dentro do processo, o equilíbrio será reposto. Entendo que equilíbrio é o ponto em que as forças opostas se igualam, refletindo serenidade em nossas atitudes. Neste aspecto, o equilíbrio exige sempre novas formas de pensar e de encarar conceitos inseridos em uma conduta humana, que prima em ser mutável e desviante do ponto de equilíbrio. Quando a liberdade nos é oferecida, temos a possibilidade de escolher e mostramos ser capazes de enfrentar a nós mesmos, aprendemos a dominar nossos instintos, nossas emoções e nossas razões.