Escolhas sem medo

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Fim de ano, tempo em que duas atitudes se tornam essenciais: balanço e planejamento.  Na realidade, todos os anos, fazemos promessas que são esquecidas logo nos primeiros meses, de tal forma,  que vamos minando nossa autoestima e enfraquecendo nossa vontade. As coisas da mente não obedecem aos mesmos parâmetros de nossa vida cotidiana. Muitas vezes o espírito se comporta como uma criança, independente da idade que temos, e é esta criança que se esquece, rapidamente, das promessas que faz, deixando tudo para amanhã. Momento que se faz necessário elaborar o plano de ação, com o máximo de detalhes possíveis,  por escrito, para que possa servir de lembrete durante o ano.  É claro que falamos de um balanço íntimo e individual, visando apenas tornar claro para nós mesmos as ações que efetivamente realizamos. Não tem o intuito de cobrança ou de exibição, a não ser para cada um, pois, de alguma forma, mostrará nosso compromisso com nossas intenções.

Começamos por avaliar a sinceridade que temos conosco, ao tentar não justificar porque deixamos de realizar alguma das metas que nos propomos. Na prestação de contas da realidade para a vontade, mesmo que não tenhamos total consciência, lançamos mãos de muitos recursos para refletir sobre atitudes e comportamentos. Avaliamos junto compromisso, responsabilidade, desempenho, crescimento e autoestima. Aumentamos, assim, o diálogo interior que nos dá sustentação necessária para novas realizações.  Conhecendo-nos melhor, melhoramos nosso relacionamento com as pessoas, definimos melhor nosso perfil, caráter, princípios e valores. O balanço pode analisar muitos aspectos. Por exemplo:  as atitudes tomadas para o crescimento como indivíduo, como integrante da família e como profissional;  o relacionamento com as pessoas, o relacionamento espiritual. Também pode avaliar as conquistas concretas, atribuindo valores monetários à qualidade de vida conquistada, os gastos desnecessários.  Vale tudo que  equacione os benefícios e as perdas relacionados com a responsabilidade assumidas nas ações. Não é um modelo fixo, mas a estrutura criada ajuda nas ações diárias e na estratégia que traçamos para atingir nossas metas. Os indicadores deste balanço de final de ano podem, principalmente, nortear o planejamento para o ano seguinte.  Saber onde erramos orienta o passo seguinte para o caminho certo. Observe, enquanto faz sua lista, como a mente se organiza para justificar falhas, como o ser humano é perito na complacência consigo mesmo e no rigor com os outros.

Com o mapa de acertos e erros, desejos e realizações, podemos planejar os próximos passos. Independentemente do estágio de evolução pessoal, é necessário estabelecer metas, parâmetros e estratégias para continuar o desenvolvimento como seres humanos. As decisões podem e devem se fundamentar em informações armazenadas ao longo de nossas experiências e das lições que tiramos delas. Temos aqui visível a dualidade que permeia todas as ações. Há um lado subjetivo e abstrato que escolhe e organiza as atitudes que teremos que tomar, antecipando resultados esperados. Nas atividades diárias, agimos e antecipamos os resultados de nossas ações, muitas vezes sem estarmos conscientes  dessa antecipação. Mas agimos com muito mais frequência do que planejamos, explicitamente, nossas ações: poucas vezes temos consciência de estarmos executando um processo de deliberação antes da ação.

O planejamento a que nos referimos é o lado racional da ação, é a parte objetiva e concreta, que possibilita perceber a realidade, avaliar os caminhos escolhidos e construir um referencial futuro, para alcançar, da melhor forma possível, alguns objetivos pré-definidos.

Sempre poderemos contar com as surpresas, com o imponderável, com situações completamente novas. Isso é fato, mas o que nos segura nas situações imprevistas são os princípios e valores que escolhemos para nossas vidas. As  virtudes e a prática delas são colunas de sustentação diante do desconhecido, assim como a vontade de crescer e vencer é a mola propulsora do ser humano, que faz querer, realizar, empreender e conquistar. Ano novo é sempre um bom momento para iniciar a jornada em busca de crescimento e estabelecer novas metas – desde arrumar um novo emprego, aprender coisas novas, trocar de carro, tirar aquelas férias tão sonhadas, até conseguir o equilíbrio e domínio da vida física e mental.  Não é preciso ser mágico ou ter poderes especiais, basta apenas manter a disciplina e ter a certeza de que seus objetivos levarão a uma vida melhor para você, sua família e toda a sociedade, além de saber que nem todo meio justifica os fins. É preciso examinar as reais motivações, ganhos, perdas e riscos para formular bons objetivos, que valham a pena correr para alcançá-los. Escolha sem medo.  É assim que agem os vencedores.